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COP30 - Dos remédios tradicionais ancestrais , até aos fitoterápicos e medicamentos inovadores.

Atualizado: 26 de set.

Fitoconversa 1

Bem-vindos à Fitoconversa!

Hoje, mergulharemos no fascinante mundo da etnofarmacologia, a ciência que conecta os saberes ancestrais aos laboratórios modernos, transformando remédios tradicionais em fitoterápicos inovadores.

Com a COP30 no horizonte, este tema ganha ainda mais relevância, destacando o papel da biodiversidade e das comunidades tradicionais na busca por soluções sustentáveis para a saúde.

Nesta edição, o Dr. Sérgio Panizza, renomado especialista em fitoterapia, compartilha sua jornada pelo conhecimento medicinal de povos tradicionais.

Acompanhe-nos também nas redes sociais para fazer parte deste movimento pela valorização da natureza!

O que é Etnofarmacologia?

Etnofarmacologia é a ciência que estuda os agentes biologicamente ativos – substâncias encontradas em plantas, animais, fungos e até minerais – usados tradicionalmente por diferentes culturas com fins medicinais ou tóxicos.

Mais do que apenas plantas, ela abrange desde a secreção de sapos, como o canuanu, até minerais, como a areia, usada em comunidades litorâneas para aliviar picadas de arraia.

Essa ciência combina antropologia cultural, botânica, zoologia e farmacologia para resgatar o conhecimento de povos tradicionais, transformando-o em medicamentos modernos.

 Por exemplo, já ouviu falar dos pelos de quati usados como afrodisíaco ou do ninho de passarinho como remédio?

Esses são exemplos do vasto universo que a etnofarmacologia explora.

Vamos lá, iniciando com, A Jornada do Conhecimento Ancestral.

A etnofarmacologia não apenas resgata saberes tradicionais, mas os valida cientificamente.

Imagine uma índia que amarra uma planta na barriga para conceber um filho homem ou outra para uma menina.

Como testar isso em laboratório?

O Dr. Panizza conta que o processo começa no campo com:

  • Identificação:

Coletar amostras de plantas (folhas, flores, frutos) e identificar seu nome científico com ajuda de taxonomistas.

Por exemplo, a planta chamada "crô" por uma comunidade pode ser a Chenopodium ambrosioides (erva-de-santa-maria).

  • Documentação:

Entrevistar populações locais para entender usos, indicações e contraindicações.

  • Testes:

Levar o material ao laboratório para análise química e testes em animais, verificando a eficácia de substâncias ativas.

  • Inovação:

Transformar esse conhecimento em fitoterápicos ou medicamentos, muitas vezes resultando em patentes.

Esse processo é realmente, desafiador.

O Dr. Panizza lembra: “Não basta dizer que uma planta faz o cabelo crescer 10 centímetros por minuto. É preciso nomeá-la cientificamente e comprovar seus efeitos.”

Etnofarmacologia e Etnobotânica: Qual a Diferença?

Muitas pessoas confundem etnofarmacologia com etnobotânica.

A etnobotânica estuda todos os usos de plantas por uma cultura – desde remédios até adornos ou construção de barcos.

Já a etnofarmacologia, foca em substâncias com potencial medicinal ou tóxico, incluindo não só plantas, mas também animais, fungos e minerais.

É uma ciência mais direcionada à descoberta de novos medicamentos.

Por que a Etnofarmacologia é Tão Eficiente?

A etnofarmacologia aumenta significativamente as chances de encontrar novos medicamentos.

Comparada à coleta randômica (que tem apenas 1 em 10 mil chances de sucesso), ela eleva as probabilidades ao usar o conhecimento acumulado por povos tradicionais.

 Por exemplo:

Antineoplásicos (contra câncer): de 6% na coleta randômica para 25% com etnofarmacologia.

Anti-hipertensivos: de 31% para 44%.

Anti-helmínticos (contra vermes): de 9,8% para 29,3%.

AIDS: de 8,5% para 71,4%.

Esse sucesso vem do fato de que as comunidades tradicionais já testaram essas substâncias ao longo de séculos, funcionando como verdadeiros “laboratórios da floresta”.

Critérios para Descobrir Novos Remédios

A busca por novos medicamentos usa cinco critérios principais:

  • Coleta Randômica: Plantas são coletadas aleatoriamente, com baixa chance de sucesso (1 em 10 mil).

  • Quimiotaxonomia: Foca em famílias de plantas com propriedades conhecidas, como as Solanáceas (produtoras de atropina).

  • Zoofarmacognosia: Observa como animais usam plantas, como macacos que comem certas folhas para aliviar desconfortos.

  • Etnofarmacologia: Resgata o conhecimento de populações tradicionais, como o uso de Protim sp como vermífugo.

  • Ecologia Química: Estuda as defesas químicas das plantas contra herbívoros, que podem ter potencial medicinal.

O Brasil:

Um Tesouro de Biodiversidade.

O Brasil é o campeão mundial de biodiversidade, com cerca de 55 mil espécies de angiospermas (plantas com frutos), contra 45 mil na Colômbia e 27 mil na China.

Além disso, o país tem alta taxa de endemismo – espécies que só existem aqui, como as 25 mil a 30 mil da Amazônia e 8 mil da Mata Atlântica.

Essa riqueza, combinada com a diversidade cultural de 232 etnias indígenas e 1.340 comunidades quilombolas, faz do Brasil um laboratório natural para a etnofarmacologia.

Por que isso importa para a COP30?

 A conservação da biodiversidade e o respeito aos povos tradicionais são fundamentais para combater as mudanças climáticas e promover a saúde global.

A etnofarmacologia une ciência, sustentabilidade e cultura, mostrando como a natureza e os saberes ancestrais podem oferecer soluções para o futuro.

Histórias da Floresta: O Sapo Canuanu e Outros Tesouros.

O Dr. Panizza compartilha histórias fascinantes de suas pesquisas.

Uma delas é sobre o sapo canuanu (Phyllomedusa bicolor), cuja secreção, conhecida como “vacina do sapo”, é usada por povos indígenas como analgésico e fortificante.

Após anos de estudo, cientistas descobriram que ela contém dermorfina e deltomorfina, substâncias similares à morfina, com potencial para tratar Parkinson, depressão e até câncer.

Outro exemplo é o própolis, resina produzida por abelhas, usada há milênios como antibiótico natural.

Na Amazônia, os ribeirinhos conhecem 18 tipos de resinas semelhantes, ainda pouco estudadas, que podem revolucionar a medicina.

Desafios e Cuidados na Etnofarmacologia.

A etnofarmacologia exige paciência e respeito.

O pesquisador deve conviver com as comunidades por pelo menos um ano para entender seus ciclos e ganhar confiança. “Você não chega pedindo para verem as plantas. É preciso criar laços, como um namoro”, explica o Dr. Panizza. Além disso, é crucial evitar erros de interpretação.

Um exemplo famoso é o do aguapé, que um pesquisador pensou ser analgésico, mas era usado como “chapéu” para proteger do sol. Outro cuidado é com as contraindicações.

Plantas como hortelã, erva-cidreira e sene podem ser perigosas para gestantes, pois induzem contrações uterinas.

A Medicina Tradicional e a Ciência Moderna

A etnofarmacologia revela como os povos tradicionais, como os Krahó do Cerrado ou os ribeirinhos amazônicos, desenvolveram sistemas médicos sofisticados.

Eles usam a teoria das assinaturas – a ideia de que a aparência de uma planta indica sua função, como o pau-de-leite para fortificação ou a kapran-kohiré para relaxamento.

Essas práticas, aliadas à intuição e à observação da natureza, formam um conhecimento que a ciência agora, valida.

O Futuro da Etnofarmacologia.

Com apenas 1% a 3% das plantas do mundo estudadas, há um universo a ser explorado.

Projetos como o estudo dos defumadores da umbanda ou das vacinas de sapo mostram como a ciência pode aprender com a tradição.


Com a COP30, é hora de valorizarmos a biodiversidade e os saberes tradicionais para um futuro mais saudável e sustentável.

O que você acha de resgatar esse conhecimento?

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Apresentação do Especialista: Dr. Sérgio Tinoco Panizza

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Quem é Dr. Sérgio Tinoco Panizza?

Dr. Sérgio Tinoco Panizza é um Farmacêutico Industrial, empresário e referência nacional em Bioeconomia verde estratégica, com expertise em plantas medicinais, fitoterápicos e macro-algas.

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Qualificações e Atuação:

 Dr. Sérgio possui uma carreira consolidada, com atuações de destaque em diversas frentes:

• Conselheiro Consultivo do Instituto 5 Elementos – Educação para a Sustentabilidade.

• Consultor Especializado em Bioeconomia verde estratégica, com foco em plantas medicinais, fitoterápicos e macro-algas.

• Membro do Grupo Técnico de Plantas Medicinais e Fitoterápicos, industria e suplementos alimentares do Conselho Regional de Farmácia de São Paulo (CRF-SP).

• Presidente de Honra da Associação Brasileira de Fitoterapia (ABRAPHYTO).

• Especialista em Acupuntura pelo Centro de Estudos de Acupuntura e Terapias Alternativas.

• Foi Presidente da ABRAPHYTO e do Conselho Brasileiro de Fitoterapia (CONBRAFITO).

• Foi Membro da Comissão de Acupuntura e Medicina Chinesa do Conselho Federal de Farmácia.

• Atuou como Titular da Agricultura no Comitê Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos do Governo Federal, representando o CONBRAFITO.

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Contribuições Literárias:

 Dr. Sérgio é autor de obras fundamentais na área de fitoterapia, plantas medicinais e fitoterápicos, amplamente reconhecidas por sua relevância técnica e prática:

• Como Prescrever ou Recomendar Plantas Medicinais e Fitoterápicos: Referência oficial na ANVISA.

• Uso Tradicional de Plantas Medicinais e Fitoterápicas: Referência oficial na ANVISA.

• Amazônia: Em Busca da Cura Perdida.

• Prescrição dos Produtos da Medicina Tradicional Chinesa .

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Diferenciais

• Expertise única: Combina conhecimento ancestral das plantas medicinais com ciência moderna, oferecendo soluções inovadoras para saúde e sustentabilidade.

• Impacto transformador: Como consultor e educador, promove o uso responsável de recursos naturais e fortalece a Bioeconomia verde.

• Reconhecimento acadêmico e regulatório: Seus livros são ferramentas indispensáveis para profissionais, entusiastas e órgãos como a ANVISA.

• Visão integradora: Une ciência, natureza e bem-estar em projetos que inspiram mudanças positivas.

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Objetivos Dr. Sérgio dedica sua carreira a:

• Inspirar profissionais e empresas.

• Fomentar a sustentabilidade.

• Conectar ciência e natureza.

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Contato e Redes Acompanhe o trabalho do Dr. Sérgio Tinoco Panizza por meio de:


Tivemos como Mediador: Marcos Gomes, jornalista.

Grato por nos acompanhar.



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